As Estações da Vida
Cada vida, tal como na natureza, tem 4 estações, que vêm e vão, e passam por cima dos nossos planos, dos nossos sonhos, dos nossos temores e desejos. Na natureza, as estações vão e vêm ao seu ritmo e, por muito que queiramos nada pode ser feito para as deter ou as acelerar. De forma a que, tal como a natureza, sejamos capazes de renascer, crescer, florescer e largar o que sobra para voltar a nascer.
Não faz sentido ter muitos dias de vida se não houver muita VIDA nos nossos dias!
A vida é curta demais e eu gosto de vê-la como as quatro estações do ano. Nalguns momentos é VERÃO, o Sol nos ilumina, e nos oferece luz e calor, são momentos de aconchego, de amizade, de nos sentirmos protegidos. É o momento de aconchegar as nossas crias, como os animais fazem, é o tempo de férias maior, vividas em família, ou com aqueles que te são próximos. No verão tudo se torna mais ligeiro, até a roupa. É o tempo para relaxar, divertir e desfrutar momentos maravilhosos. Apetece viver a rua, com as pessoas, falar, rir, comunicar, mas não através do telemóvel e sim através de uma óptima gargalhada. É o tempo do reencontro com amigos, com a família, de viajar, de sair daquilo a que estas habituado.
Nem tudo pode ser tão ligeiro como o Verão, e aí chega o OUTONO com as primeiras chuvas e os primeiros ventos, as folhas das árvores primeiro mudam para cores incríveis, do verde para amarelo, laranja, vermelho, que intensidade, que paixão de cores. É uma das estações mais belas devido à diversidade de cores e das mudanças que acontecem no tempo. Mas não podemos esquecer o verdadeiro sentido do outono, tempo de colheita, de êxitos e de concretizar sonhos, é o tempo de ter paciência, recompensas e satisfação. A satisfação de ter semeado e recolher. Não lutamos tanto por isto? Por isso, é preciso reconhecer também que do desalento, da persistência, conseguimos.
Mas para poder continuar em frente, para poder concluir e fechar algum ciclo da nossa vida precisamos do inverno, o equivalente a esses momentos em que queremos que desapareça tudo aquilo que é necessário na nossa vida. O INVERNO é a sua frieza, momentos em que o negativo é superior ao positivo, momentos de congelação pelo medo …que não nos deixam actuar, nem crescer. Momentos onde é preciso sofrer e aprender do sofrimento. São os tempos de desespero, de adversidades, dores, problemas, desafios, incertezas, decepção e ressentimento, mas que terminam no fecho de algum ciclo da nossa vida. Poderia parecer que esta estação é uma etapa com momentos onde a cor predominante deveria ser preta e a emoção predominante o medo. Porém, é um ciclo de meditação, espiritualidade, serenidade, sabedoria e paz. É preciso libertar-nos do sobrante, do inútil, do desnecessário, para poder nascer para uma vida melhor e poder florescer e renascer.
E por fim, voltam os primeiros raios de sol, a PRIMAVERA, os primeiros calores, onde tudo começa a desabrochar. Os dias começam a ser mais compridos, mais luz, luz que nos chega e nos faz brilhar e irradiar, e aí começas a viver, e voltas a sentir-te acariciado pela vida. Tempo de esperança, de sonhos, de novos inícios, de novos desafios e onde as oportunidades surgem com muito optimismo e esperança. Todos nós acordamos da nossa letargia e o medo parece já não ser mais medo. É a estação do sentir; viver é sentir e sentir é vida. Existe algo melhor que dar vida à nossa vida?
Tem que ficar claro que a nossa vida física não tem que coincidir exactamente com a estação do ano, sabendo que todas e cada uma destas etapas vivemo-las quando desejamos. Porém fica o importante que é aprender o belo que existe em cada uma delas, aceitar a natureza e saber que somos mais que estações de vida. Somos um todo com o todo e somos e seremos aquilo que desejamos ser.
Podemos passar um “Inverno” no Verão, onde teremos que confrontar-nos com os desafios que a vida nos apresenta e deixar morrer muita coisa que já não serve, para depois poder recolher os frutos da primavera. Mas também nenhuma estacão é eterna e o que sim devemos aprender é a viver com os “desafios do tempo”, aproveitá-los na dor ou na alegria e ir para a frente, e não ficar no conformismo de viver numa estação, seja ela qual for. Quantas pessoas não ficaram no gélido inverno o resto das suas vidas, habituaram-se a ele, e em vez de viver…. sobrevivem? Gelados, mas sobrevivem, e nem dão como certo poder aquecer um pouquinho ou tentar resolver os problemas. São aqueles que estão focados no problema em vez da solução. E quantos vivem sempre no calor, e numa vida seca sem frutos, mas habituam-se ao calor, à falta de água, a água fonte da vida.
O desafio para cada um de nós é viver independentemente da estação do ano onde nos encontremos, e de preferência tirar o máximo proveito de cada uma delas. Mas a vida é isto, precisamos das 4 estações para reparar como é forte o nosso universo, e como essa força maior nos ensina através do paralelismo e como podemos perceber esta grande incógnita que é a vida.
Beatriz Bruno
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