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A morte é a esperança?



Paulo disse que sofreu tantas angústias na Acaia que esteve a ponto de “desesperar da própria vida”.
Estamos falando de Paulo, o apóstolo, o mesmo que viu a Luz na Estrada e que conheceu o amor de Deus como muito pouca gente jamais sonhou em conhecer.
Ora, Paulo não era esquizofrênico; não tinha nenhuma Desordem Bipolar; não sofria de depressão; não era acossado por nenhuma Síndrome do Pânico; não tinha nenhum tumor maligno pressionando seu cérebro; não era enfermo de nada que fosse essencial; e não sofria de nenhuma forma de doença mental que pudesse lhe fazer ter impulsos incontroláveis e ou à revelia — como muitas vezes acontece com pessoas que se suicidam.
A menos que você me diga que um “salvo” não sofre de nenhum desses males (o que seria um terrível equivoco, com danos irreparáveis no papel de um pastor em relação aos que sofrem) — a implicação de não poder negar essa possibilidade conduz imediatamente à seguinte conclusão:
É possível que uma pessoa que sofra tais perturbações possa ficar em tamanho estado de desespero, que venha a praticar um ato suicida como quem busca a morte como “esperança”.
A Bíblia não fale em suicídio na perspectiva de juntar a ele qualquer forma de “interpretação” do ato.
De fato Sansão se matou, mas não se suicidou. Matou-se porque dele veio a decisão de derrubar o Templo e morrer no desastre. Entretanto, sua motivação era de vida e esperança de libertação — pois cria que aquele ato poderia trazer livramento para o seu povo por algum tempo.
Creio que quem se mata em razão do desespero da presente existência, e o faz na esperança de uma vida pós-morte, de fato se mata, embora não esteja se suicidando.
O suicida é aquele que não tendo pulsões provocadas por nada interno ou externo a si mesmo, mata-se por uma total descrença nesta ou em qualquer outra vida.
Assim, em minha opinião, somente um ser totalmente ateu e materialista em sua visão da existência tem o poder de matando-se, suicidar-se.
Os demais são coitados buscando alivio e vida, não morte.
Portanto, o suicídio não deve ser nunca objeto de juízo humano, pois, de fato, ninguém sabe quem, matando-se, suicidava-se.
Além disso, como a Bíblia não “teologiza” sobre o tema, tem-se mais uma razão para não especular. Afinal, trata-se de “terra santa”, na qual se deve entrar sem as sandálias das falsas certezas e das muitas presunções.
Ante um suicida inerte dentro de um caixão, tem-se que apenas calar.
Sim! Porque qualquer fala, juízo ou interpretação acerca do tema pode nos fazer incorrer no risco de blasfêmia contra a vida humana!
O que se sabe pela experiência é que todo aquele que na existência tem na morte seu maior inimigo, esse quer viver. Mas quando o que a pessoa conhece de pior na existência é a própria vida, então, nesse dia, tal pessoa quer morrer; posto que para ela a morte fala de algo melhor que a existência.
Ora, digo isso tudo desnecessariamente, pois, de fato, qualquer das causas físicas e psicológicas por mim mencionadas no início desta carta, por si mesmas já possuem o poder de levar uma alma adoentada ou um cérebro adoecido, ao desespero do suicídio.
“Crentes” podem sofrer de tudo o que qualquer pessoa sofre nesta vida.
Ou então me diga qual é a área da vida que um “crente” recebeu licença divina de não experimentar.
É claro (mais que claro) que uma mente que esteja normal e bem fixada na fé, não apela para o suicídio apesar dos desesperos da presente existência.
Do mesmo modo que uma pessoa sadia na mente e na fé não apela para um monte de coisas que se vê os “crentes” apelarem todos os dias.
Portanto, o suicídio deve ser sempre combatido em razão da esperança e da promessa da vida já AQUI, mas nunca deve ser tratado como ato de auto-perdição ou de pecado imperdoável contra os céus.
Na realidade essa percepção que você advoga acerca do suicídio é “católica”; e foi desenvolvida nos porões escuros da “Igreja” nos anos chamados de “Idade das Trevas”
Peça a Deus que livre você de ter que aprender o entendimento da misericórdia acerca desse tema por ter tido que lidar com ele relacionado a alguém de sua família e de sua casa.
Ora, se tal dia chegar você saberá em seu coração que aquele ente querido estava buscando vida em face da dor de existir — seja porque razão for.
A ênfase da Escritura é em não matar os outros, mas não fala do ato de auto-morte em razão da dor.
Assim, no que Jesus fez silêncio e no que as Escrituras ficam caladas, quem ousará condenar quem quer que seja?
O trabalho de um pastor é fazer prevenção de todo ato de morte. Entretanto, isso tem a ver com a vida AQUI, mas não deve se estender para trazer juízo relacionado à vida ALÉM.

Receba meu carinho e todas as minhas melhores esperanças de Vida!
Nele, em Quem todo aquele que busca vida a encontra,
Caio Fábio














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